Como referi na última publicação, o jogo tem uma mecânica muito simples: rola-se o dado da Resistência (previamente conhecida como Atributo - mais sobre isto à frente), soma-se o valor da Característica, e por sinergia pode usar-se um ponto de uma segunda Característica, se a descrição do jogador ao narrar a sua intenção e a situação durante o jogo o permitirem; este valor deve ser maior ou igual a uma dificuldade para que a ação seja bem sucedida, e a dificuldade é dada ou pelo Mestre de Jogo, ou pelo adversário que se pretende ultrapassar.
Decidi mudar o nome de Atributo para Resistência, por uma razão simples: na verdade, com a filosofia de design que pretendo para este jogo, o que se testa nos conflitos é a resistência dos personagens ao dano; os que tiverem maior resistência, aguentam mais tempo. A capacidade, a perícia, a moral, a convicção, são factores que ajudam e convém tê-los o mais alto possível. Assim, temos duas Resistências: Vigor, que mede a capacidade e boa forma física do personagem, e a Vontade, que mede a sua força de vontade. Tudo o resto é medido em Características, como a competência do personagem num qualquer campo (Luta, Diplomacia, etc), a sua convicção e moral, a sua inteligência e aparência, por exemplo.
As Resistências são medidas em dados, de d4 a d12, sendo o d6 o normal para uma pessoa comum. O d12 representa uma resistência sobre-humana, geralmente não disponível ao comum dos mortais - mas não a agentes super-treinados, e muito menos aos anmortos, os mortos-vivos que têm a sua própria nação e que estão também em guerra.
Os jogadores têm à sua disposição três tipos de mecanismos para resolver a ação; para as demonstrar, e ao mesmo tempo para as testar, vou expor um pequeno cenário e usar uma técnica que aprendi com o amigo Sérgio Mascarenhas, chamada bench testing, que propõe que as regras sejam testadas num ambiente de laboratório, em substituição dos testes em jogo propriamente dito.
Estas três mecânicas são: resolução de conflito por testar Resistência do pc vs Dificuldade; resolução de conflito por Resistência do pc vs Resistência do npc; resolução táctica de tarefa por Resistência do pc vs Resistência do npc. Estas mecânicas podem ser sujeitas a mudanças, se as achar pouco apropriadas.
Em qualquer dos casos, se o jogador for bem sucedido, então acontece aquilo que pretende; se o jogador falhar, o MdJ é livre de descrever o que acontece, desde que isso não faça o jogo parar ou que o jogador fique frustrado. É importante que mesmo um falhanço seja interessante, para o jogador ou para a história; todos podem discutir entre si e qualquer jogador pode dar a sua opinião até encontrar um resultado satisfatório.
1 - Resistência vs Dificuldade
O jogador rola o dado da Resistência a testar, soma ao resultado o valor da Característica, e pode somar 1 ponto de uma segunda Característica, desde que a ação e a narração o justifiquem; o resultado final deve ser maior ou igual à Dificuldade, estabelecida previamente pelo Mestre de Jogo (MdJ doravante). Outros personagens podem ajudar, para isso somam 1 ponto de uma Característica que seja aplicável.
Teremos assim um valor entre 1 e 16, para pessoas altamente treinadas e no pico da sua forma, e se não houver ajuda de terceiros; a Dificuldade é determinada pelo MdJ, usando a tabela abaixo como referência; estes valores são para pessoas normais, relativamente competentes na tarefa que vão tentar.
# - Dificuldade
2 - Muito Fácil
3 - Fácil
4 - Médio
5 - Complicado
6 - Muito Complicado
7 - Difícil
8 - Muito Difícil
9 - Extremamente Difícil
10+ - Lendário
Qualquer valor total de dado mais Características acima do indicado indica que a ação foi bem sucedida. Caso falhe, o personagem desce um tipo de dado para o imediatamente abaixo.
2 - Resistência pc vs Resistência npc
Aqui o procedimento é praticamente o mesmo do ponto 1, só que a dificuldade não é estática nem definida pelo MdJ; em vez disso, o MdJ rola um dado para uma Resistência apropriada da parte do npc, e soma-lhe qualquer Característica apropriada, assim como o ponto da segunda Característica, se se justificar.
Quem tiver mais alto ganha o conflito. Quem perder, baixa o seu tipo de dado para o imediatamente abaixo.
3 - Resolução táctica
Este ponto é para mim o mais interessante, mas também o mais complexo, já que segue vários passos que é preciso observar.
Introduzo aqui dois novos elementos, o Limiar e a Distância.
O Limiar é o número de pontos de desgaste que o personagem pode sofrer numa das suas Resistências antes desta baixar o tipo de dado para o imediatamente inferior, e é igual em número ao valor do dado atual Este valor pode baixar pelo dano infligido durante os Conflitos.
A Distância é um elemento abstrato para representar quão perto os intervenientes estão uns dos outros, no caso de um Conflito Físico, ou quão próximos são os argumentos, no caso de um Conflito Social. A Distância tem apenas dois graus, Perto e Longe, embora existam armas ou ações que acrescentam Alcance ao Perto, e neste caso o personagem terá que manobrar até estar à mesma Distância.
Ordem de Conflito:
1 - Iniciativa: os intervenientes no conflito rolam a Resistência apropriada, assim como qualquer Característica. Quem tiver mais alto age primeiro.
2.1 - Ataque: o jogador que tiver a Iniciativa escolhe um dos oponentes para atacar; ele rola a Resistência e a Característica apropriadas, mais um ponto de uma segunda Característica que seja aplicável. Esta é uma das Manobras Ofensivas disponíveis
2.1.1 - Defesa: o oponente rola também a Resistência e a Característica apropriadas, e soma igualmente um ponto de uma segunda Característica que seja apropriada. Esta é a única Manobra Defensiva disponível
2.2 - Movimento: o jogador pode escolher mover o seu personagem, em vez de atacar, para se aproximar, para fugir, ou para tentar encurralar o adversário, para Conflitos Físicos; para Conflitos Sociais, isto representa mudar de argumentos, insistir no mesmo ponto, ou introduzir argumentos novos na discussão
3 - Manobras
3.1 - Manobras: sem ter a característica de Artes Marciais, para Conflitos Físicos, ou Diplomacia para Conflitos Sociais, o jogador só tem uma manobra ofensiva extra à sua disposição, e só pode Bloquear como manobra defensiva; ter essas Características dá-lhe acesso a outras manobras.
3.1.1 - Manobra Ofensiva: Ataque Brutal - se o personagem tiver a Característica Grande, ou Forte, pode escolher um Ataque Brutal, somando o valor da Característica ao dano, em detrimento da Defesa, que reduz pelo mesmo valor (o mesmo se irá aplicar ao Conflito Social, mas com uma Característica diferente, tipo Mentiroso ou algo parecido)
4 - Dano: se o total do atacante for superior ao do defensor, este ultrapassou a defesa e provoca dano. O dano é igual ao valor da diferença entre lançamentos, mais qualquer valor extra, como de armas, manobras ou poderes, menos o de qualquer armadura, manobra ou poder que o defensor use, se estiver desarmado, tem ainda a penalização de -2, que não se aplica do Conflito Social.
5 - Resolução: o Conflito termina quando um dos participantes fizer tanto dano que reduza o valor do dado da Resistência do adversário para o imediatamente abaixo; se houver grande diferença entre os adversários, e um deles tiver um lançamento muito bom e o do outro for particularmente mau, o dano pode ser tanto que obrigue a que se reduza mais do que um tipo de dado - isto é propositado, demonstrando a diferença de qualidade entre eles. Se o Conflito ainda não tiver terminado, passa para o jogador seguinte, pela ordem da Iniciativa, e volta-se ao ponto 1.
Estas regras são universais e servem para todos os tipos de Conflito.
Na minha próxima publicação irei descrever os vários tipos de mecânica em ação.
sexta-feira, 29 de março de 2013
terça-feira, 26 de março de 2013
Novo jogo na calha
O meu jogo sobre o asilo assombrado está praticamente feito; tenciono por um pdf bonitinho no ar até ao final da semana, e depois tentar impingi-lo a vítimas desprevenidas potenciais jogadores, porque o acho excelente para começar a jogar rpg
Entretanto, estou a pensar no rpg que me propus fazer a seguir: intriga e espionagem numa versão fantástica de Lisboa durante a 2ª GM.
Ora, que eu saiba, rpg's de intriga há aos pontapés: desde o Vampire, que sempre me pareceu pretencioso mas que faz intriga bem (e que tem um excelente livro de recurso chamado Damnation City), até ao Legend of the Five Rings; já rpg's de espionagem não há assim tantos; que me lembre, talvez só o velhinho James Bond, da Victory Games, e mais um ou outro, embora nenhum me pareça de renome.
O ambiente de Lisboa nessa época é excelente para o que pretendo, já que a cidade dava abrigo à realeza europeia exilada, e era palco de intriga de fazer inveja às cidades italianas da Renascença, já que literalmente pululava de espiões do Eixo e dos Aliados, sem falar em agentes da PVDE.
O meu grande problema aqui é que sou só, quanto muito, um curioso de história, e tenho presente um ditado que reza assim: "escreve sobre o que sabes"; como eu não sei quase nada da história dessa época, e o que sei vem do excelente livro de Neil Lochery "Lisboa - A guerra nas sombras da cidade luz", prefiro basear-me nesse ambiente e fazer um jogo com ambiente próprio de raiz.
Assim, o mundo está em guerra, o jogo passa-se todo numa cidade neutral com um ambiente steampunk-oriental, onde os jogadores podem ser realeza exilada, agentes de um dos lados da guerra, ou agentes da polícia secreta da cidade; falando de sistema, serão dois os atributos, Vigor e Vontade, de d4 a d12, e depois haverá Características, de 0 a 3, que somam ao resultado do dado (não apenas perícias, como Luta, por exemplo, mas descritores como Forte ou Rico), e podem ser usadas em conjunto (por exemplo, rolar Vontade, somar Diplomacia ao resultado e juntar História, para convencer um diplomata a entregar algum segredo); este é um sistema que tem vindo a ser trabalhado e refinado desde A Singularidade de Cthulhu, e de que gosto muito; vou acrescentar uma alteração, um valor que meça a capacidade de absorção de dano antes de o dado mudar para um tipo de dado mais pequeno (isto pode parecer estranho, mas vejam o down*town como referência desta mecânica); não haverá qualquer tipo de mecânica "narrativista", como no down*town, porque esta mecãnica era uma colagem descarada ao The Shadow of Yesterday e agora prefiro dar precedência ao ambiente.
A melhor maneira de criar intriga é gerar mapas de relacionamentos; o que é que o npc quer (em termos de objectivos, manter ou alterar o status quo), porque é que não o pode ter já (que obstáculos lhe saltam ao caminho, adversidade, etc), e o que está disposto a fazer para o obter. Depois é juntar os pc's, e temos jogo.
Falta-me o sobrenatural; a isto refiro-me à magia ou tudo o que não é natural no nosso mundo real mas existe neste mundo imaginado, mas como ainda não tenho presente que tipo de magia quero ter, se alguma, prefiro não lhe chamar descaradamente magia; por exemplo, a excelente série animada Avatar, o sobrenatural é o controlo dos elementos pelas artes marciais; na Saga Drenai, de David Gemmell, a magia é mental. Ainda preciso de me debruçar sobre isto - aceitam-se sugestões!
E é nisto que irei trabalhar nos próximos tempos. Espero que me acompanhem.
Entretanto, estou a pensar no rpg que me propus fazer a seguir: intriga e espionagem numa versão fantástica de Lisboa durante a 2ª GM.
Ora, que eu saiba, rpg's de intriga há aos pontapés: desde o Vampire, que sempre me pareceu pretencioso mas que faz intriga bem (e que tem um excelente livro de recurso chamado Damnation City), até ao Legend of the Five Rings; já rpg's de espionagem não há assim tantos; que me lembre, talvez só o velhinho James Bond, da Victory Games, e mais um ou outro, embora nenhum me pareça de renome.
O ambiente de Lisboa nessa época é excelente para o que pretendo, já que a cidade dava abrigo à realeza europeia exilada, e era palco de intriga de fazer inveja às cidades italianas da Renascença, já que literalmente pululava de espiões do Eixo e dos Aliados, sem falar em agentes da PVDE.
O meu grande problema aqui é que sou só, quanto muito, um curioso de história, e tenho presente um ditado que reza assim: "escreve sobre o que sabes"; como eu não sei quase nada da história dessa época, e o que sei vem do excelente livro de Neil Lochery "Lisboa - A guerra nas sombras da cidade luz", prefiro basear-me nesse ambiente e fazer um jogo com ambiente próprio de raiz.
Assim, o mundo está em guerra, o jogo passa-se todo numa cidade neutral com um ambiente steampunk-oriental, onde os jogadores podem ser realeza exilada, agentes de um dos lados da guerra, ou agentes da polícia secreta da cidade; falando de sistema, serão dois os atributos, Vigor e Vontade, de d4 a d12, e depois haverá Características, de 0 a 3, que somam ao resultado do dado (não apenas perícias, como Luta, por exemplo, mas descritores como Forte ou Rico), e podem ser usadas em conjunto (por exemplo, rolar Vontade, somar Diplomacia ao resultado e juntar História, para convencer um diplomata a entregar algum segredo); este é um sistema que tem vindo a ser trabalhado e refinado desde A Singularidade de Cthulhu, e de que gosto muito; vou acrescentar uma alteração, um valor que meça a capacidade de absorção de dano antes de o dado mudar para um tipo de dado mais pequeno (isto pode parecer estranho, mas vejam o down*town como referência desta mecânica); não haverá qualquer tipo de mecânica "narrativista", como no down*town, porque esta mecãnica era uma colagem descarada ao The Shadow of Yesterday e agora prefiro dar precedência ao ambiente.
A melhor maneira de criar intriga é gerar mapas de relacionamentos; o que é que o npc quer (em termos de objectivos, manter ou alterar o status quo), porque é que não o pode ter já (que obstáculos lhe saltam ao caminho, adversidade, etc), e o que está disposto a fazer para o obter. Depois é juntar os pc's, e temos jogo.
Falta-me o sobrenatural; a isto refiro-me à magia ou tudo o que não é natural no nosso mundo real mas existe neste mundo imaginado, mas como ainda não tenho presente que tipo de magia quero ter, se alguma, prefiro não lhe chamar descaradamente magia; por exemplo, a excelente série animada Avatar, o sobrenatural é o controlo dos elementos pelas artes marciais; na Saga Drenai, de David Gemmell, a magia é mental. Ainda preciso de me debruçar sobre isto - aceitam-se sugestões!
E é nisto que irei trabalhar nos próximos tempos. Espero que me acompanhem.
domingo, 17 de março de 2013
Horror e Loucura: um guia para jogar AdCdA
Guardei esta publicação para o fim, depois de ter exposto as regras tal como as tinha pensado. Relendo tudo, e agradecendo a colaboração do amigo Sérgio, vejo que a coisa está seca como um carapau; estou convencido que o esqueleto é sólido, mas falta-lhe carne.
Isto pode ser feito de várias maneiras: ficção entre capítulos, para demonstrar atmosfera e ambiente; arte, mesmo que seja de fotografias disponíveis livremente, dá sempre melhor ar ao livro; exemplos de jogo, para demonstrar as regras em funcionamento; guias sobre os elementos essenciais para correr o jogo, como Horror e Loucura. É sobre este dois últimos que me vou debruçar agora.
Horror
Horror é o sentimento que temos depois de ver algo perturbador; não é oposto ao terror, que é o sentimento de antecipação, que é muito mais difícil de criar.
A palavra chave é "perturbador"; para que o jogo seja mais do que uma luta de poder entre os jogadores, é importante que se pense em como perturbar os outros jogadores, sem cair na tentação de espalhar sangue pelo asilo, e percebendo que se trata de um jogo para divertir - se alguém se sente incomodado, deve dizê-lo para que se possa encontrar um meio termo que seja confortável para todos.
Para isso há várias ferramentas que se podem usar quando se enquadram as cenas; estas técnicas são muitas vezes usadas no cinema, na ficção literária de terror e em rpgs de terror, e provavelmente irão reconhecê-las. De notar que a lista não pretende ser exaustiva, antes ser um ponto de partida para melhor enquadrarem as cenas.
Descrição: a atenção ao detalhe é importante, assim como descrever o que os sentidos percebem: a sombra que parece mexer, o barulho do vento que parece um sussurro, o cheiro intenso a ferro, o frio repentino na sala.
Subtileza: um pingo de sangue que aparece no tapete, apesar de não estar mais ninguém na sala.
Exagero: o paciente violento que desmembra as vítimas com um machado.
Horror pessoal: um jogador tem um dado branco na sua seta para fora, na direção de um npc; enquadre-se esse npc na cena, de modo que a sua sanidade ou vida fique em perigo.
Claustrofobia: o Asilo é um local isolado, com salas que podem parecer pequenas, de onde não se consegue sair.
Estranho: ...e é um local estranho, metido no meio da Serra de Sintra; mesmo que não haja fantasmas, este ponto deve ser reforçado.
Num twist engraçado, os fantasmas podem nem se aperceber que estão mortos, como no filme Os Outros, e pensar que os personagens vivos é que são os fantasmas.
Loucura
Antes de continuar, um aviso: o único propósito deste jogo é divertir, apesar dos seus temas poderem ser considerados adultos. Não pretende ser nem um tratado sobre doenças mentais nem um manual sobre o seu tratamento, e são aqui endereçadas de maneira propositadamente simplista.
A grande maioria dos doentes aceites no Asilo da Casa do Arco são psicopatas, doentes violentos que constituem uma ameaça para a sociedade ou para eles próprios. O Asilo também recebe outros tipos de doente mentais, que são de igual modo sujeitos a tratamento, mas estes são a minoria: epilépticos, que não conseguem funcionar normalmente sem ajuda e sofrem ataques graves; esquizofrénicos, que não conseguem distinguir o real do imaginado; e maníaco-depressivos, que sofrem graves variações de humor e por isso precisam de ajuda especializada.
Os jogadores podem introduzir estes elementos nos seus personagens, ou no enquadramento das cenas. Por exemplo, como nem todos os doentes são psicopatas, um deles pode imaginar que todo o asilo é onde ocorreu um crime e ele é o detective que o pode investigar, como no excelente Shutter Island; como é que os outros jogadores reagem a isto?, e, principalmente, como é que os fantasmas reagem a esta intrusão?
Os principais tratamentos praticados no Asilo são o tratamento de choque de insulina, em que grandes doses de insulina são injetadas no paciente para que este entre em coma semi-controlado, o tratamento por electrochoque, em que o paciente leva choques eléctricos quando preso a uma marquesa e idealmente sedado, e em doentes mais radicais, a lobotomia.
Dou estes detalhes como ferramenta para que os jogadores possam criar conflitos e enquadrar cenas; um jogador que seja médico pode enquadrar uma cena com outro jogador que seja enfermeiro, de modo a tratar um terceiro jogador que seja o paciente, prestes a ser posto numa marquesa e submetido a electrochoques. Isto é um conflito, mas como se irá desenrolar?
Finalmente, os jogadores que não estão presentes na cena não estão impedidos de participar! Podem sempre dar ideias para detalhes, para conflitos, ou podem eles próprios querer entrar na cena. Quantos mais melhor!
E assim termino o AdCdA. Agora o próximo passo é metê-lo num pdf bonitinho, e disponibilizá-lo para download.
Isto pode ser feito de várias maneiras: ficção entre capítulos, para demonstrar atmosfera e ambiente; arte, mesmo que seja de fotografias disponíveis livremente, dá sempre melhor ar ao livro; exemplos de jogo, para demonstrar as regras em funcionamento; guias sobre os elementos essenciais para correr o jogo, como Horror e Loucura. É sobre este dois últimos que me vou debruçar agora.
Horror
Horror é o sentimento que temos depois de ver algo perturbador; não é oposto ao terror, que é o sentimento de antecipação, que é muito mais difícil de criar.
A palavra chave é "perturbador"; para que o jogo seja mais do que uma luta de poder entre os jogadores, é importante que se pense em como perturbar os outros jogadores, sem cair na tentação de espalhar sangue pelo asilo, e percebendo que se trata de um jogo para divertir - se alguém se sente incomodado, deve dizê-lo para que se possa encontrar um meio termo que seja confortável para todos.
Para isso há várias ferramentas que se podem usar quando se enquadram as cenas; estas técnicas são muitas vezes usadas no cinema, na ficção literária de terror e em rpgs de terror, e provavelmente irão reconhecê-las. De notar que a lista não pretende ser exaustiva, antes ser um ponto de partida para melhor enquadrarem as cenas.
Descrição: a atenção ao detalhe é importante, assim como descrever o que os sentidos percebem: a sombra que parece mexer, o barulho do vento que parece um sussurro, o cheiro intenso a ferro, o frio repentino na sala.
Subtileza: um pingo de sangue que aparece no tapete, apesar de não estar mais ninguém na sala.
Exagero: o paciente violento que desmembra as vítimas com um machado.
Horror pessoal: um jogador tem um dado branco na sua seta para fora, na direção de um npc; enquadre-se esse npc na cena, de modo que a sua sanidade ou vida fique em perigo.
Claustrofobia: o Asilo é um local isolado, com salas que podem parecer pequenas, de onde não se consegue sair.
Estranho: ...e é um local estranho, metido no meio da Serra de Sintra; mesmo que não haja fantasmas, este ponto deve ser reforçado.
Num twist engraçado, os fantasmas podem nem se aperceber que estão mortos, como no filme Os Outros, e pensar que os personagens vivos é que são os fantasmas.
Loucura
Antes de continuar, um aviso: o único propósito deste jogo é divertir, apesar dos seus temas poderem ser considerados adultos. Não pretende ser nem um tratado sobre doenças mentais nem um manual sobre o seu tratamento, e são aqui endereçadas de maneira propositadamente simplista.
A grande maioria dos doentes aceites no Asilo da Casa do Arco são psicopatas, doentes violentos que constituem uma ameaça para a sociedade ou para eles próprios. O Asilo também recebe outros tipos de doente mentais, que são de igual modo sujeitos a tratamento, mas estes são a minoria: epilépticos, que não conseguem funcionar normalmente sem ajuda e sofrem ataques graves; esquizofrénicos, que não conseguem distinguir o real do imaginado; e maníaco-depressivos, que sofrem graves variações de humor e por isso precisam de ajuda especializada.
Os jogadores podem introduzir estes elementos nos seus personagens, ou no enquadramento das cenas. Por exemplo, como nem todos os doentes são psicopatas, um deles pode imaginar que todo o asilo é onde ocorreu um crime e ele é o detective que o pode investigar, como no excelente Shutter Island; como é que os outros jogadores reagem a isto?, e, principalmente, como é que os fantasmas reagem a esta intrusão?
Os principais tratamentos praticados no Asilo são o tratamento de choque de insulina, em que grandes doses de insulina são injetadas no paciente para que este entre em coma semi-controlado, o tratamento por electrochoque, em que o paciente leva choques eléctricos quando preso a uma marquesa e idealmente sedado, e em doentes mais radicais, a lobotomia.
Dou estes detalhes como ferramenta para que os jogadores possam criar conflitos e enquadrar cenas; um jogador que seja médico pode enquadrar uma cena com outro jogador que seja enfermeiro, de modo a tratar um terceiro jogador que seja o paciente, prestes a ser posto numa marquesa e submetido a electrochoques. Isto é um conflito, mas como se irá desenrolar?
Finalmente, os jogadores que não estão presentes na cena não estão impedidos de participar! Podem sempre dar ideias para detalhes, para conflitos, ou podem eles próprios querer entrar na cena. Quantos mais melhor!
E assim termino o AdCdA. Agora o próximo passo é metê-lo num pdf bonitinho, e disponibilizá-lo para download.
quarta-feira, 13 de março de 2013
Fantasmas
Falhou-me uma Habilidade na respectiva publicação, falha que pretendo corrigir agora na publicação sobre fantasmas:
Vejo Pessoas Mortas - permite mudar um dado de face 3, correspodente a acções de pesquisa, para a face 6, correspondente ao oculto.
No documento de jogo irei ter mais Habilidades, mas sintam-se à vontade para me enviar sugestões nos comentários.
E agora, Fantasmas.
Os jogadores que decidirem jogar um fantasma vão ter uma experiência diferente da dos jogadores que encarnarem personagens vivos. Os fantasmas não podem interagir normalmente com os outros personagens, o que significa que actos tão simples como falar devem ser interpretados de maneira diferente; o jogador não pode simplesmente anunciar "eu digo isto" porque o seu personagem está num nível diferente, onde as vias de comunicação são diferentes.
Apesar disso, os fantasmas ainda têm alguns truques que podem usar para comunicar com os vivos. Para começar, a sala onde estão fica imediatamente com temperaturas negativas, independentemente de o fantasma estar a interagir na sala ou não. Depois, eles podem murmurar palavras soltas, mas não frases completas ou coerentes; um fantasma pode gritar, mas não pode passar nenhuma mensagem através do som. Além disso, eles podem aparecer incorporeamente aos outros personagens durante breves segundos, fazendo som ou não. Os fantasmas podem ainda manipular objectos, fazendo-os deslocar-se pela sala, se quiserem, com força suficiente para magoar; alguns podem até forçar os corpos dos vivos, falar através deles, manipulá-los, torcê-los ou atirá-los pela sala.
O jogador de um fantasma só pode usar a face 6 dos seus dados, que corresponde ao oculto, mas pode também usar uma das seguintes Habilidades, escolhida durante a parte de criação de personagem, para afectar o dado e mudá-lo para a face 6:
Suspiro - o jogador pode mudar um dado de face 1, quando quiser produzir som; isto não significa que possa falar coerentemente, mas que é mais fácil produzir som
Aparição - o jogador pode mudar um dado de face 4, quando quiser manifestar-se; isto não significa que fique sólido, apenas que é mais fácil aparecer
Poltergeist - o jogador pode mudar um dado de face 5, quando quiser usar e manipular objectos físicos
Titereiro - o jogador pode mudar um dado de face 2, quando quiser tentar controlar o corpo de um personagem
De lembrar que o jogador deve sempre acrescentar um tom de fatalismo ou horror à sua descrição da intervenção do fantasma, para que o ambiente à volta da mesa seja sempre de um jogo de terror. Os fantasmas representam a vontade dos mortos no mundo dos vivos, e isso deverá ser sempre representado como algo tenebroso.
E se não houver fantasmas?
Pode acontecer que nenhum jogador queira jogar uma personagem fantasma, ou que os jogadores acordem entre si que não haja fantasmas na casa.
Isto não quer dizer que o elemento sobrenatural seja descurado. A razão óbvia para colocar o fictício Asilo da Casa do Arco na Serra de Sintra foi que esta está recheada de histórias, lendas e mitos, e ainda hoje é palco do adorações a deuses pagãos, ou pelo menos de brincadeiras de gosto duvidoso.
Um casarão ali colocado sofrerá estas influências, e o mesmo acontecerá aos seus habitantes, pacientes e médicos serão afectados de igual maneira.
As lendas da Serra de Sintra vão desde lendas dos tempos dos mouros até às mais recentes lendas de fantasmas, passando pelos muito verdadeiros túneis que existem nas serras, servindo de caminho de fuga ou passagem, refúgio de malfeitores e armazém de material contrafeito ou roubado. Além disso, a Serra está pejada de influências e marcas templárias e maçónicas, o que também é sempre um ótimo material para uma sessão que não envolva o sobrenatural, mas que ainda tenha uma aura de mistério e desconhecido - talvez um dos pacientes seja um maçon perseguido? E serão os seus perseguidores reais ou imaginados?
Os jogadores são incentivados a descobrir mais sobre a Serra de Sintra e seus mistérios, e a incorporá-los nos seus jogos.
E só me falta uma entrada, sobre terror e horror, para concluir este jogo; depois é publicá-lo num pdf bonitinho, e passar ao meu próximo projecto.
Um abraço!
Vejo Pessoas Mortas - permite mudar um dado de face 3, correspodente a acções de pesquisa, para a face 6, correspondente ao oculto.
No documento de jogo irei ter mais Habilidades, mas sintam-se à vontade para me enviar sugestões nos comentários.
E agora, Fantasmas.
Os jogadores que decidirem jogar um fantasma vão ter uma experiência diferente da dos jogadores que encarnarem personagens vivos. Os fantasmas não podem interagir normalmente com os outros personagens, o que significa que actos tão simples como falar devem ser interpretados de maneira diferente; o jogador não pode simplesmente anunciar "eu digo isto" porque o seu personagem está num nível diferente, onde as vias de comunicação são diferentes.
Apesar disso, os fantasmas ainda têm alguns truques que podem usar para comunicar com os vivos. Para começar, a sala onde estão fica imediatamente com temperaturas negativas, independentemente de o fantasma estar a interagir na sala ou não. Depois, eles podem murmurar palavras soltas, mas não frases completas ou coerentes; um fantasma pode gritar, mas não pode passar nenhuma mensagem através do som. Além disso, eles podem aparecer incorporeamente aos outros personagens durante breves segundos, fazendo som ou não. Os fantasmas podem ainda manipular objectos, fazendo-os deslocar-se pela sala, se quiserem, com força suficiente para magoar; alguns podem até forçar os corpos dos vivos, falar através deles, manipulá-los, torcê-los ou atirá-los pela sala.
O jogador de um fantasma só pode usar a face 6 dos seus dados, que corresponde ao oculto, mas pode também usar uma das seguintes Habilidades, escolhida durante a parte de criação de personagem, para afectar o dado e mudá-lo para a face 6:
Suspiro - o jogador pode mudar um dado de face 1, quando quiser produzir som; isto não significa que possa falar coerentemente, mas que é mais fácil produzir som
Aparição - o jogador pode mudar um dado de face 4, quando quiser manifestar-se; isto não significa que fique sólido, apenas que é mais fácil aparecer
Poltergeist - o jogador pode mudar um dado de face 5, quando quiser usar e manipular objectos físicos
Titereiro - o jogador pode mudar um dado de face 2, quando quiser tentar controlar o corpo de um personagem
De lembrar que o jogador deve sempre acrescentar um tom de fatalismo ou horror à sua descrição da intervenção do fantasma, para que o ambiente à volta da mesa seja sempre de um jogo de terror. Os fantasmas representam a vontade dos mortos no mundo dos vivos, e isso deverá ser sempre representado como algo tenebroso.
E se não houver fantasmas?
Pode acontecer que nenhum jogador queira jogar uma personagem fantasma, ou que os jogadores acordem entre si que não haja fantasmas na casa.
Isto não quer dizer que o elemento sobrenatural seja descurado. A razão óbvia para colocar o fictício Asilo da Casa do Arco na Serra de Sintra foi que esta está recheada de histórias, lendas e mitos, e ainda hoje é palco do adorações a deuses pagãos, ou pelo menos de brincadeiras de gosto duvidoso.
Um casarão ali colocado sofrerá estas influências, e o mesmo acontecerá aos seus habitantes, pacientes e médicos serão afectados de igual maneira.
As lendas da Serra de Sintra vão desde lendas dos tempos dos mouros até às mais recentes lendas de fantasmas, passando pelos muito verdadeiros túneis que existem nas serras, servindo de caminho de fuga ou passagem, refúgio de malfeitores e armazém de material contrafeito ou roubado. Além disso, a Serra está pejada de influências e marcas templárias e maçónicas, o que também é sempre um ótimo material para uma sessão que não envolva o sobrenatural, mas que ainda tenha uma aura de mistério e desconhecido - talvez um dos pacientes seja um maçon perseguido? E serão os seus perseguidores reais ou imaginados?
Os jogadores são incentivados a descobrir mais sobre a Serra de Sintra e seus mistérios, e a incorporá-los nos seus jogos.
E só me falta uma entrada, sobre terror e horror, para concluir este jogo; depois é publicá-lo num pdf bonitinho, e passar ao meu próximo projecto.
Um abraço!
segunda-feira, 11 de março de 2013
Asilo da Casa do Arco
Resolvi-me a chamar ao meu jogo Asilo da Casa do Arco, AdCdA doravante; o apelo de Arkham Asylum foi mais forte!
O Asilo da Casa do Arco é uma mansão situada nas encostas da Serra de Sintra, doada à vila no ano de 1898 pela Duquesa de Durabal, sob condição da Casa ser usada como asilo dos alienados perigosos de Lisboa e arredores, que tenham onde ser tratados condignamente e com a graça de Deus, e recuperados para a sociedade.
As verdadeiras razões da Duquesa não são tão nobres assim; a Casa sofreu uma maldição desde a sua construção pelo avô da Duquesa, o original Duque de Durabal, João Gama de Noronha, quando voltou da Índia: o que era para ser a casa da família, depressa se tornou uma mansão infernal e uma prisão para os seus residentes. O Duque matou dois dos filhos pequenos numa noite e enforcou-se numa das salas. O seu filho mais velho, Octávio, herdou a casa aos 20 anos, e durante dez anos a paz reinou na Casa do Arco. Nesta altura algo quebrou no espírito de Octávio, e numa noite de tempestade matou os três filhos à machadada, quando os gritos da esposa alertou os criados e este saltou de uma das janelas, para a morte. A esposa, Elisabete, voltou a casar e a ter filhos, mantendo o nome da Casa do Arco e o título de Duquesa de Durabal, mas nem por isso foi mais feliz. Enlouqueceu lentamente depois de enviuvar quando o seu recém-casado marido caíu das escadas numa noite e partiu o pescoço, e morreu aos gritos na cama, rodeada pelos quatro filhos e pelos criados. Todos os filhos abandonaram a casa quando chegaram à maioridade, os criados foram saindo e só restou a actual Duquesa, Maria Antónia, que então doou a Casa.
Foram contratados médicos, enfermeiras, o pároco da vila mudou-se para a Casa, e com boa vontade e muito esforço começaram os tratamentos. No entanto, os tempos não são melhores. Médicos e pacientes declararam por diversas vezes ouvir os gritos da velha Duquesa, choro de crianças, e um barulho que só pode ser descrito como "um machado a cortar carne" ressoando pela casa. A aparente falta de resultados e a morte de mais do que um paciente nas mesas de electrochoques não deixam que estes sejam depositados às portas do Asilo para que sejam tratados.
Decidi colocar o asilo na Serra de Sintra, mas a imagem é de um antigo sanatório da Serra da Estrela, que se diz assombrado, e é mais do que apropriado para ilustrar este texto; o jogo decorre na década de 30, pouco antes da Primeira Guerra Mundial, e deixei propositadamente vagos os nomes de vários npc's, para que os jogadores os possam reclamar e interpretar em jogo.
O texto desta publicação será perto do máximo que colocarei como texto de ficção no documento de jogo; vou dar exemplos, falar sobre terror para criar ambiente, mas os pormenores serão deixados para os jogadores, para que se possam desenvolver em jogo.
Tinha dito que iria escrever sobre fantasmas e ambiente, mas decidi-me escrever este texto sobre A Casa do Arco primeiro; fica para uma próxima oportunidade.
O Asilo da Casa do Arco é uma mansão situada nas encostas da Serra de Sintra, doada à vila no ano de 1898 pela Duquesa de Durabal, sob condição da Casa ser usada como asilo dos alienados perigosos de Lisboa e arredores, que tenham onde ser tratados condignamente e com a graça de Deus, e recuperados para a sociedade.
As verdadeiras razões da Duquesa não são tão nobres assim; a Casa sofreu uma maldição desde a sua construção pelo avô da Duquesa, o original Duque de Durabal, João Gama de Noronha, quando voltou da Índia: o que era para ser a casa da família, depressa se tornou uma mansão infernal e uma prisão para os seus residentes. O Duque matou dois dos filhos pequenos numa noite e enforcou-se numa das salas. O seu filho mais velho, Octávio, herdou a casa aos 20 anos, e durante dez anos a paz reinou na Casa do Arco. Nesta altura algo quebrou no espírito de Octávio, e numa noite de tempestade matou os três filhos à machadada, quando os gritos da esposa alertou os criados e este saltou de uma das janelas, para a morte. A esposa, Elisabete, voltou a casar e a ter filhos, mantendo o nome da Casa do Arco e o título de Duquesa de Durabal, mas nem por isso foi mais feliz. Enlouqueceu lentamente depois de enviuvar quando o seu recém-casado marido caíu das escadas numa noite e partiu o pescoço, e morreu aos gritos na cama, rodeada pelos quatro filhos e pelos criados. Todos os filhos abandonaram a casa quando chegaram à maioridade, os criados foram saindo e só restou a actual Duquesa, Maria Antónia, que então doou a Casa.
Foram contratados médicos, enfermeiras, o pároco da vila mudou-se para a Casa, e com boa vontade e muito esforço começaram os tratamentos. No entanto, os tempos não são melhores. Médicos e pacientes declararam por diversas vezes ouvir os gritos da velha Duquesa, choro de crianças, e um barulho que só pode ser descrito como "um machado a cortar carne" ressoando pela casa. A aparente falta de resultados e a morte de mais do que um paciente nas mesas de electrochoques não deixam que estes sejam depositados às portas do Asilo para que sejam tratados.
Decidi colocar o asilo na Serra de Sintra, mas a imagem é de um antigo sanatório da Serra da Estrela, que se diz assombrado, e é mais do que apropriado para ilustrar este texto; o jogo decorre na década de 30, pouco antes da Primeira Guerra Mundial, e deixei propositadamente vagos os nomes de vários npc's, para que os jogadores os possam reclamar e interpretar em jogo.
O texto desta publicação será perto do máximo que colocarei como texto de ficção no documento de jogo; vou dar exemplos, falar sobre terror para criar ambiente, mas os pormenores serão deixados para os jogadores, para que se possam desenvolver em jogo.
Tinha dito que iria escrever sobre fantasmas e ambiente, mas decidi-me escrever este texto sobre A Casa do Arco primeiro; fica para uma próxima oportunidade.
sexta-feira, 8 de março de 2013
Sistema: Habilidades
As Habilidades permitem ao jogador alterar a face de um dos dados lançados durante um conflito, se observadas certas condições.
Sem querer ter uma lista muito exaustiva, apresento aqui atrês exemplos de Habilidades que os jogadores podem escolher para os seus personagens, durante a parte de criação de personagem:
Sádico - permite mudar um dos seus dados de face 5, correspondente ao poder mental, para a face 4, correspondente às acções físicas
Empatia - permite mudar um dos dados de um dos adversários num conflito de face 4, correspondente a acções físicas, para a face 2, correspondente a acções sociais
Vigor - permite mudar um dos seus dados de face 1, correspondente a acções furtivas, para a face 4, correspondente às acções físicas
As vozes dizem-me para matar - permite mudar um dos seus dados de face 6, representando o oculto, para qualquer face que queira, desde que haja fantasmas presentes.
Para o documento de jogo, irei ter uma lista mais composta; o propósito desta publicação é só dar um exemplo muito básico do nível táctico a que o jogo pode chegar, e dar mais opções aos jogadores que não se limitem ao puro rolar de dados na mesa.
Numa próxima publicação, irei falar sobre fantasmas e terror.
Sem querer ter uma lista muito exaustiva, apresento aqui atrês exemplos de Habilidades que os jogadores podem escolher para os seus personagens, durante a parte de criação de personagem:
Sádico - permite mudar um dos seus dados de face 5, correspondente ao poder mental, para a face 4, correspondente às acções físicas
Empatia - permite mudar um dos dados de um dos adversários num conflito de face 4, correspondente a acções físicas, para a face 2, correspondente a acções sociais
Vigor - permite mudar um dos seus dados de face 1, correspondente a acções furtivas, para a face 4, correspondente às acções físicas
As vozes dizem-me para matar - permite mudar um dos seus dados de face 6, representando o oculto, para qualquer face que queira, desde que haja fantasmas presentes.
Para o documento de jogo, irei ter uma lista mais composta; o propósito desta publicação é só dar um exemplo muito básico do nível táctico a que o jogo pode chegar, e dar mais opções aos jogadores que não se limitem ao puro rolar de dados na mesa.
Numa próxima publicação, irei falar sobre fantasmas e terror.
quarta-feira, 6 de março de 2013
Sistema: Permutações
Em publicações anteriores falei sobre como fazer personagens e como interpretar os dados; hoje vou falar sobre modificar as reservas de dados disponíveis, e sobre como enquadrar as cenas de conflito na ficção de jogo.
Durante o jogo o jogador irá ter vários conflitos com os outros jogadores, que se resolverão rolando e interpretando os dados; na ficção de jogo, isto significa que o seu personagem irá encontrar outros personagens e interagir com eles; a maneira como o personagem vê os outros, a sua relação com eles e com o asilo é determinado pela cor e tamanho das reservas de dados disponíveis a cada jogador.
O jogador tem várias ações disponíveis para alterar os seus dados, para alterar os dados de outro jogador, e para alterar os dados da reserva do ambiente, alterando a cor dos dados, e aumentar ou diminuir as reservas.
Para fazer qualquer alteração, o jogador deve enquadrar a cena na ficção de jogo: onde está? Com quem está, se alguém? Como é o ambiente geral? É importante que cada acção e decisão do jogador seja enquadrada na ficção de jogo e no ambiente geral; os jogadores podem querer encarnar a personagem ou usar adereços, como velas, sons gravados de gritos e vento em fundo, para que a experiência seja mais rica, mas isto não é obrigatório.
1 - Alterar a própria reserva
Para alterar a cor de um dos seus dados, ou para acrescentar um dado à sua reserva, o jogador descreve a acção do seu personagem.
José Matias está preso, é louco, ele grita de noite e de dia, é um perigo para si e para os outros. Uma manhã, dá por si a bater com a cabeça nas paredes, e a escrever em sangue "ela vê" vezes sem fim nas paredes da sua cela.
Se não tiver oposição, o jogador é bem sucedido; os outros jogadores podem intervir e tentar impedi-lo.
Os gritos de Matias atraem os enfermeiros, que rapidamente abrem a porta da cela e tentam agarrá-lo à força.
Se o jogador tiver oposição, dá-se o conflito: o jogador rola tantos dados quantos conseguir da cor equivalente à acção que deseja, enquanto que os jogadores que se lhe oponham rolam tantos dados quantos conseguirem da cor oposta. Contam como sucessos os dados que saiam da face correspondente à acção que tentam; neste exemplo, ambos os lados estão num confronto físico, por isso querem que o dado calhe na face 4, correspondente às acções físicas. Quem tiver mais sucessos, ganha, e se o jogador que tenta alterar a sua reseva tiver mais sucessos, ele consegue então a alteração desejada; se por acaso o lado que tenta impedir tiver o dobro dos sucessos ou mais, esse jogador ou jogadores não só foram bem sucedidos em impedir a acção do jogador original como podem dizer que a acção foi tão bem sucedida que converteu um dos dados do jogador original na cor oposta à acção que este tentava. Todas as intenções devem ser sempre enquandradas na ficção do jogo, com descrições apropriadas que acrescentem ao ambiente de paranóia fantasmagórica do jogo.
Os enfermeiros agarram Matias antes que este consiga magoar-se mais; o padre Francisco, aproxima-se do doente, e docemente fala-lhe ao ouvido para que este acalme; Matias começa a chorar, arrependido, e um vislumbre de lucidez aparece no seu olhar. Lucidez, e medo, enquanto olha para a janela da sua cela...
2 - Alterar a reserva central
Para alterar a reserva do ambiente, o jogador deve enquadrar a cena, como descrito até aqui, e deve incluir pelo menos um npc na sua descrição, assim como o tipo de acção que quer tentar. É muito importante lembrar que a reserva central representa o ambiente geral dentro do asilo, e por isso todo o roleplay que seja feito deve representar isso.
Se o jogador não tiver oposição dos outros jogadores, ele é bem sucedido e consegue alterar a reserva central, acrescentando um dado da cor pretendida ou alterando a cor de um dos dados já presentes.
Se o jogador tiver oposição, lançam-se os dados da cor correspondente ao tipo de acção, e contam-se as faces da acção que se pretende. Quem tiver mais, ganha, e, como anteriormente, se a oposição tiver o dobro dos sucessos, pode alterar a cor de um dado da reserva central. Os jogadores lançam tantos dados como aqueles que conseguirem.
3 - Alterar a reserva de outro jogador
Alterar a reserva de outro jogador significa alterar a sua visão do mundo, forçá-lo a pensar de outra maneira, e, para todos os efeitos, violar o seu espaço físico ou mental. Mesmo que se queira ajudar, é sempre uma imposição de vontades.
O jogador deve enquadrar a acção com o jogador a quem pretende alterar a reserva, e juntos lançam tantos dados da cor correspondente à acção que pretendem, esperando tirar mais sucessos que o outro, conforme as mecânicas explicadas até aqui; no entanto, neste caso é o jogador que pretende mudar a reserva que tem que tirar o dobro dos sucessos do oponente para conseguir o seu objectivo; se por acaso o jogador oponente tiver o dobro dos sucessos, pode escolher acrescentar um dado à sua reserva, ou mudar a cor de um dos dados.
Em todos os casos, é sempre preciso que o jogador enquadre a acção, mas os outros jogadores podem sempre opôr-se e/ou ajudar.
Os jogadores lançam tantos dados quantos os que conseguirem; isto significa que lançarão os dados da sua reserva, mais o dado da ligação entre si e o jogador que pretendem afectar, mais os dados que conseguirem da reserva central; para isso devem acrescentar uma frase de ambiente para cada dado que tirem, à vez; ou seja, o jogador que enquadra a acção pode tirar logo um dado da reserva central da cor correspondente à moral da acção, a seguir o jogador que deseje opôr-se descreve como o deseja fazer, depois qualquer jogador que deseje intervir também, e de volta ao início até não haver mais dados disponíveis da cor pretendida. Isto significa que pode não haver dados para todos, o que é propositado, para que haja conflicto e tensão à mesa.
Esta publicação foi complicada de escrever; tive que a re-escrever duas ou três vezes, e mesmo assim não tenho certeza que tenha saído completamente perceptível para uma única leitura. Os vossos comentários são sempre bem vindos e desejados.
Ah, e ainda preciso de um nome para o jogo; alguém se chega à frente?
Numa próxima publicação, falarei sobre as competências que permitem alterar faces de dados, e sobre como os jogadores com personagens fantasmas podem interagir com os outros.
Durante o jogo o jogador irá ter vários conflitos com os outros jogadores, que se resolverão rolando e interpretando os dados; na ficção de jogo, isto significa que o seu personagem irá encontrar outros personagens e interagir com eles; a maneira como o personagem vê os outros, a sua relação com eles e com o asilo é determinado pela cor e tamanho das reservas de dados disponíveis a cada jogador.
O jogador tem várias ações disponíveis para alterar os seus dados, para alterar os dados de outro jogador, e para alterar os dados da reserva do ambiente, alterando a cor dos dados, e aumentar ou diminuir as reservas.
Para fazer qualquer alteração, o jogador deve enquadrar a cena na ficção de jogo: onde está? Com quem está, se alguém? Como é o ambiente geral? É importante que cada acção e decisão do jogador seja enquadrada na ficção de jogo e no ambiente geral; os jogadores podem querer encarnar a personagem ou usar adereços, como velas, sons gravados de gritos e vento em fundo, para que a experiência seja mais rica, mas isto não é obrigatório.
1 - Alterar a própria reserva
Para alterar a cor de um dos seus dados, ou para acrescentar um dado à sua reserva, o jogador descreve a acção do seu personagem.
José Matias está preso, é louco, ele grita de noite e de dia, é um perigo para si e para os outros. Uma manhã, dá por si a bater com a cabeça nas paredes, e a escrever em sangue "ela vê" vezes sem fim nas paredes da sua cela.
Se não tiver oposição, o jogador é bem sucedido; os outros jogadores podem intervir e tentar impedi-lo.
Os gritos de Matias atraem os enfermeiros, que rapidamente abrem a porta da cela e tentam agarrá-lo à força.
Se o jogador tiver oposição, dá-se o conflito: o jogador rola tantos dados quantos conseguir da cor equivalente à acção que deseja, enquanto que os jogadores que se lhe oponham rolam tantos dados quantos conseguirem da cor oposta. Contam como sucessos os dados que saiam da face correspondente à acção que tentam; neste exemplo, ambos os lados estão num confronto físico, por isso querem que o dado calhe na face 4, correspondente às acções físicas. Quem tiver mais sucessos, ganha, e se o jogador que tenta alterar a sua reseva tiver mais sucessos, ele consegue então a alteração desejada; se por acaso o lado que tenta impedir tiver o dobro dos sucessos ou mais, esse jogador ou jogadores não só foram bem sucedidos em impedir a acção do jogador original como podem dizer que a acção foi tão bem sucedida que converteu um dos dados do jogador original na cor oposta à acção que este tentava. Todas as intenções devem ser sempre enquandradas na ficção do jogo, com descrições apropriadas que acrescentem ao ambiente de paranóia fantasmagórica do jogo.
Os enfermeiros agarram Matias antes que este consiga magoar-se mais; o padre Francisco, aproxima-se do doente, e docemente fala-lhe ao ouvido para que este acalme; Matias começa a chorar, arrependido, e um vislumbre de lucidez aparece no seu olhar. Lucidez, e medo, enquanto olha para a janela da sua cela...
2 - Alterar a reserva central
Para alterar a reserva do ambiente, o jogador deve enquadrar a cena, como descrito até aqui, e deve incluir pelo menos um npc na sua descrição, assim como o tipo de acção que quer tentar. É muito importante lembrar que a reserva central representa o ambiente geral dentro do asilo, e por isso todo o roleplay que seja feito deve representar isso.
Se o jogador não tiver oposição dos outros jogadores, ele é bem sucedido e consegue alterar a reserva central, acrescentando um dado da cor pretendida ou alterando a cor de um dos dados já presentes.
Se o jogador tiver oposição, lançam-se os dados da cor correspondente ao tipo de acção, e contam-se as faces da acção que se pretende. Quem tiver mais, ganha, e, como anteriormente, se a oposição tiver o dobro dos sucessos, pode alterar a cor de um dado da reserva central. Os jogadores lançam tantos dados como aqueles que conseguirem.
3 - Alterar a reserva de outro jogador
Alterar a reserva de outro jogador significa alterar a sua visão do mundo, forçá-lo a pensar de outra maneira, e, para todos os efeitos, violar o seu espaço físico ou mental. Mesmo que se queira ajudar, é sempre uma imposição de vontades.
O jogador deve enquadrar a acção com o jogador a quem pretende alterar a reserva, e juntos lançam tantos dados da cor correspondente à acção que pretendem, esperando tirar mais sucessos que o outro, conforme as mecânicas explicadas até aqui; no entanto, neste caso é o jogador que pretende mudar a reserva que tem que tirar o dobro dos sucessos do oponente para conseguir o seu objectivo; se por acaso o jogador oponente tiver o dobro dos sucessos, pode escolher acrescentar um dado à sua reserva, ou mudar a cor de um dos dados.
Em todos os casos, é sempre preciso que o jogador enquadre a acção, mas os outros jogadores podem sempre opôr-se e/ou ajudar.
Os jogadores lançam tantos dados quantos os que conseguirem; isto significa que lançarão os dados da sua reserva, mais o dado da ligação entre si e o jogador que pretendem afectar, mais os dados que conseguirem da reserva central; para isso devem acrescentar uma frase de ambiente para cada dado que tirem, à vez; ou seja, o jogador que enquadra a acção pode tirar logo um dado da reserva central da cor correspondente à moral da acção, a seguir o jogador que deseje opôr-se descreve como o deseja fazer, depois qualquer jogador que deseje intervir também, e de volta ao início até não haver mais dados disponíveis da cor pretendida. Isto significa que pode não haver dados para todos, o que é propositado, para que haja conflicto e tensão à mesa.
Esta publicação foi complicada de escrever; tive que a re-escrever duas ou três vezes, e mesmo assim não tenho certeza que tenha saído completamente perceptível para uma única leitura. Os vossos comentários são sempre bem vindos e desejados.
Ah, e ainda preciso de um nome para o jogo; alguém se chega à frente?
Numa próxima publicação, falarei sobre as competências que permitem alterar faces de dados, e sobre como os jogadores com personagens fantasmas podem interagir com os outros.
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